A Inteligência Artificial assumiu o protagonismo nas discussões de liderança. De promissora, tornou-se obrigatória. De inovação futura, passou a urgência do presente. Mas enquanto as ambições são claras, as bases para sustentá-las ainda estão longe do ideal.
Segundo um estudo global da Cisco, 97% dos CEOs já definiram planos para integrar tecnologia aos seus negócios, mas apenas 1,7% se consideram totalmente preparados para liderar essa transição de forma segura e eficiente.
Consequentemente, a maioria das organizações está agindo por reação, não por estratégia. É o receio de perder relevância que vem guiando decisões que exigiriam profundidade técnica, visão de longo prazo e uma base organizacional preparada para absorver mudanças de verdade.
Essa lacuna entre intenção e preparo é crítica. Porque não se trata apenas de incorporar um novo mecanismo, mas de lidar com impactos que atravessam estruturas, pessoas, informações sensíveis e cultura. Quando esse contexto não é levado em conta, a IA se torna um ativo mal posicionado, incapaz de entregar valor – ou pior, gerador de riscos operacionais e reputacionais.
É preciso tratar a Inteligência Artificial como o que ela é: uma transformação profunda e estrutural, que exige governança sólida, cultura orientada a dados, capacitação contínua e clareza sobre onde se quer chegar com ela.
No fim das contas, não é quem adota primeiro que lidera essa corrida. É quem sabe o que está fazendo, por que está fazendo e como vai sustentar isso no médio e longo prazo.